Cantos e Encantos: Inaldo Bartolomeu e Naldinho Pinheiro interpretam composições próprias
Os cantores e compositores Inaldo Bartolomeu e Naldinho Pinheiro cantam suas músicas no show “Justiça de Paz e Pão”, no Teatro Arthur Azevedo, hoje, às 20h. Inaldo Bartolomeu cantará “Luzes e Estrelas” e Naldinho Pinheiro subirá ao palco acompanhado de Nathiely Rocha. O Projeto “TRT Cantos e Encantos” também contempla dependentes de magistrados e servidores da Justiça do Trabalho com dons artísticos.
“Luzes e Estrelas”, de Inaldo Bartolomeu, toada lançada em junho de 1997, é considerada um hino na luta pela igualdade, liberdade e justiça social, além de prestar homenagens a grandes nomes e manifestações do povo maranhense, como João do Vale, Boi de Matraca da Madre Deus (Estrelas que têm fé), Radiolas Itamaraty e de Natty Nyfson, Brincantes, Cazumbás, Antonio José (O Lôbo), Bandas (Guetos e Tribo de Jah), Coxinho (A Estrela que urrou no Pindaré). A música “Luzes e Estrelas” mostra também a semelhança e a miscigenação entre os ritmos do “Reggae” e do Bumba-meu-boi de Orquestra e das pessoas (Vindas do asfalto ou dos guetos), que os praticam como dança e/ou como religião.
A música “Salve-se quem puder”, de Naldinho Pinheiro, trata da questão da moradia. Fala dos palafitados e compara a enchente e a vazante da maré à barriga cheia ou vazia de quem não tem comida, muito menos uma casa para morar.
Inaldo Bartolomeu é um cantador nato. Nascido em Rosário (MA), cidade berço do Bumba-meu-boi de Orquestra. Muito cedo, ainda menino, pegou a manha e o jeito peculiar dos cantadores da região. Com o passar dos anos, tornou-se um dos melhores cantadores desse sotaque, e, ao lado de Donato Alves, Manequinho e Osvaldo Preto, formou o quarteto que era chamado de “Os Quatro Ases do Boi de Orquestra”, passando pelo Boi de Barbosa, Boi de Periz de Cima, Boi de Axixá, Boi da Ilha, Boi de Presidente Juscelino, Boi Mocidade de Rosário e Super Boi de Rosário. São quase 30 anos de cantorias.
Naldinho Pinheiro é compositor e músico, traz na trajetória artística a experiência de quem participou da primeira edição do histórico Projeto Viva, em 1985. Em 2005, gravou seu primeiro CD, intitulado "Saracoteio", com os ritmos populares do bumba-meu boi, reggae, salsa, afoxé, canções e frevo. O disco teve o apoio da lei de incentivo à cultura. Sua música “Sereia Dourada” integra a “Coletânea Viração”, produzida pela Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão (SECMA), em 1992. Ele também gravou “Bate Coração de Novo”, na “Coletânea 2ª de Arte”, produzida pela Fundação Municipal de Cultural de São Luís (FUNC), em 1993. Ao lado de Zeca Baleiro, fez, no Teatro Arthur Azevedo, o show “Varal”. No mesmo Teatro, também fez o show “Jeitinho Maneiro”. Participou, ainda, dos projetos Carcará (Universidade Federal do Maranhão), Praia Grande Cultural, Terça Cultural e Feira da Cidade (Fundação Municipal de Cultura de São Luís), Festança, São João do Maranhão e Carnaval (SECMA).
Luzes e Estrelas
Compositor: Inaldo Bartolomeu
Intérprete: Inaldo Bartolomeu
Salve quem busca a igualdade
Quem tem na luta o ideal
Ver as nações em liberdade
Mundo de justiça social
Salve expressões desta verdade
Salve o Quilombo do Frechal
Como é bonito! Como é bonito!
Rolar as pedras mocidade
Como é bonito! Como é bonito!
Povo reggueando liberdade
Brilha a luz de João Carcará
Madre Deus das Estrelas que têm fé
Itanatty, Brincantes Cazumbás
Brilha a estrela de Antônio José
Banda Guetos e a Tribo que é de Jah
Brilha a Estrela que urrou no Pindaré
Reggae e boi têm semelhantes passos
Nas luzes buscam inspiração
Nas estrelas cadentes, nos espaços
O orvalho da miscigenação
Madrugando costumes e compassos
Mestiçando Jamaica e Maranhão
Salve-se quem puder
Compositor: Naldinho Pinheiro
Intérprete: Naldinho Pinheiro
Beira da maré
Nas palafita tem gente que vai
Tem gente que fica
Como a preamar
E a baixamar
De barriga cheia ou vazia
Já se passaram
Tantos sóis, tantas luas
Quem prometeu
Promessas cruas
Lá em cima estão
Os gaviões
Voando, bem alto, que proteção
Lá embaixo estão
A beira da maré
Palafitados ou seja
Gente da ralé
Que a sociedade
Hipócrita repudiou
Dói no coração
Salve-se quem puder