Ejud16 promove debate sobre a mulher contemporânea na 2ª Semana do Servidor

quarta-feira, 10 de Junho de 2015 - 0:00
Redator (a)
Suely Cavalcante
Anícia falou sobre conquistas e dificuldades vivenciadas pela mulher contemporânea

“Mulher Contemporânea: Novas Questões, Novas Divisões” a partir de uma visão da psicanálise foi o tema da palestra proferida pela servidora da Ejud e psicanalista Anícia de Jesus Ewerton, na tarde desta terça-feira (9), na programação da 2ª Semana do Servidor do Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região (TRT-MA), realizada pela Escola Judicial do TRT, no Auditório Profª. Maria da Graça Jorge Martins, localizado no 1º andar do prédio-sede do Tribunal.

Na realidade, a palestra transformou-se num debate sobre o tema, entre os servidores presentes à capacitação. De acordo com Anícia, o ser humano sempre se confronta com seus próprios questionamentos e, no caso específico da mulher, esses questionamentos são mais frequentes, haja vista que a mulher vem, ao longo do tempo, assumindo múltiplas atividades, deixando de ser apenas aquela mulher que, até o Século XIX, nascia para ser mãe, esposa, e que não era destinada “aos grandes trabalhos intelectuais nem aos grandes trabalhos materiais”, conforme a visão masculina da época.

Citando a psicanalista francesa Marie Hélène Brousse, Anícia disse que os papéis que as mulheres vão exercendo na sociedade são papéis determinados pelos discursos, porém algumas mulheres conseguem se sobressair e não aceitam, de modo tão passivo, certos papéis, até chegar à mulher contemporânea, que escolhe ser dona do seu próprio tempo, respeitando o tempo de cada uma, respeitando, primeiramente, a si mesma.  “Hoje a mulher pensa em si, em seu próprio tempo”, observou Anícia.

Contudo, “apesar das conquistas da mulher, em pleno Século XXI ainda convivemos com um discurso apropriado para o Século XIX. Os discursos não foram desfeitos pela sociedade. Apesar de todo o esforço da mulher, que foi para o mercado do trabalho, e passou a acumular funções”, afirmou.

Anícia disse que muitos fatores vão ditando os discursos, como por exemplo, os aspectos econômico, religioso, cultural e o tempo. Dependendo da sociedade em que está inserida, a mulher tem ou não um espaço maior, porque há sociedades em que a maioria vive sob o jugo de um discurso patriarcal.

A partir da perspectiva da psicanálise, o sexo feminino não vivencia novas questões. Pelo contrário, são as mesmas questões do passado, tais como, casamento, amor, filhos, mas agora vivenciadas por uma mulher diferente, multifacetada. Estudos revelam que as mulheres foram os verdadeiros agentes das transformações ocorridas nas relações entre os sexos. A ida para o mundo do trabalho traz novas representações como a de batalhadora, e o abandono da posição de sujeição e obediência.

Segundo a artista plástica, professora de Filosofia e escritora brasileira Márcia Tiburi, as mulheres não começaram a se ocupar de suas próprias questões e passaram a construir um mundo onde haja espaço para elas repentinamente. Por isso, nos dias atuais, aquelas que escolhem casar e ter filhos não abdicam facilmente de si mesmas, e tentam equilibrar trabalho e família.

Como essa nova mulher vivencia o amor? Segundo a psicanálise, como a mulher assumiu várias facetas, ela deixou o papel de somente dona de casa, indo para o mercado de trabalho. Essa nova atividade provocou uma profunda alteração nos relacionamentos afetivos e nos papéis tradicionalmente desempenhados no casamento, desaparecendo a figura do homem provedor, e surgindo dois trabalhadores remunerados.

Conforme Anícia, apesar dos avanços, as mulheres contemporâneas ainda encontram obstáculos nessa luta por uma sociedade mais igualitária. Pelo menos, o sexo feminino rompeu parte das barreiras do mercado de trabalho. Ela frisou que nos países ocidentais, a maternidade ainda é vista como obstáculo para que a mulher seja inserida no mercado de trabalho.

Mas, por outro lado, a mulher sente-se, paradoxalmente, dividida entre o ideal e o que vive na realidade. Além das expectativas que ela impõe a si mesma, há também as pressões externas. Os filhos querem dedicação exclusiva; o marido deseja uma mulher atraente e atenciosa; o chefe espera uma profissional competente. Então, ela está dividida nos múltiplos papéis assumidos. “Às vezes, isso tem conseqüências na área da saúde, por exemplo, com a ocorrência de doenças entre as mulheres que antes eram doenças “típicas” dos homens.

2ª Semana do Servidor – iniciada na segunda-feira (8), a semana será encerrada nesta quinta-feira (11), com o curso “Competências e Habilidades Interpessoais”, que será ministrado pela oficiala de Justiça do TRT-MA Gisele Martins de Oliveira Neves, no horário das 8h30 às 12h30 e das 13h30 às 17h30. Serão abordados temas como a realidade nacional e institucional; novos conhecimentos e envolvimento nos processos de mudanças na realidade institucional; apresentação das principais características e conceitos de gestão por competências, competências e habilidades; identificação de algumas competências existentes no TRT maranhense, entre outros. O evento dá continuidade ao programa de capacitação do TRT-MA.

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