Joãozinho Ribeiro em dose dupla no show do TRT-MA

quarta-feira, 2 de Outubro de 2013 - 9:09
Joãozinho Ribeiro.
A intérprete Mila Camões.

O compositor e poeta maranhense Joãozinho Ribeiro terá duas músicas de sua autoria, no show “Justiça de Paz e Pão”. O evento será realizado no dia oito deste mês, às 20 horas, no Teatro Arthur Azevedo. A música “Mihões de Uns” será interpretada pelo próprio autor que contará com a participação de um coro formado por servidores do tribunal. Já “Passamento” terá como intérprete a cantora Milla Camões.

A atividade cultural faz parte do projeto Cantos e Encantos, desenvolvido pelo Tribunal Regional do Trabalho do Maranhão e conta com a participação de servidores da Justiça do Trabalho e artistas maranhenses. O evento traz o apoio da Escola Crescimento e da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da XVI Região (Amatra XVI). O patrocínio é do Banco do Brasil.

Compositor e obras -  “Milhões de Uns”  dá nome ao CD de Joãozinho Ribeiro, que será lançado ainda este ano. A música fala da legião dos excluídos. Os Joões, Josés, Manés, Binés. Do João que batalha um trabalho, do Antonio que recebe um não e da Maria que confere os filhos e faz milagre de um pão”. Já “Passamento” fala do homem do campo, o Mané, o Pedro, o João, que produz a mandioca, o milho, a farinha e o feijão na terra lavrada com as mãos de amor.

“Joãozinho Ribeiro é um poeta e compositor maiúsculo. Mas sempre foi mais que isso.  João é uma espécie de ‘guru da galera’, o cara que aponta caminhos, que lança luz sobre as trevas culturais da cidade de São Luís – incansável, obstinado, convicto”, afirma o também compositor e cantor maranhense Zeca Baleiro, na apresentação do CD “Milhões de Uns”, que Joãozinho lançará em 2013.

O disco histórico, autoral e o primeiro da carreira do artista, foi gravado ao vivo no Teatro Arthur Azevedo, em novembro de 2012, no  show que contou com a participação especial de Zeca Baleiro, Chico César e vários cantores maranhenses. “Com a sua (vasta) obra nunca dantes registrada em toda a sua magnitude e esplendor”, destaca Zeca Baleiro. São canções escolhidas de um balaio fértil de cerca de duas centenas de composições, acumuladas em mais de 30 anos de poesia, boemia e hiperatividade cultural.

Bacharel em Direito e professor universitário, Joãozinho Ribeiro também já foi presidente da Fundação Municipal de Cultura de São Luís e secretário de Estado da Cultura do Maranhão.

Milhões de Uns
Compositor: Joãozinho Ribeiro
Intérprete: Joãozinho Ribeiro
Participação: Coro de servidores do TRT-MA

A ponte que une dois lados
Separa muitos caminhos
Por cima uns vão pisando
Debaixo outros sozinhos

Calçando os pés com a esperança
Agasalhada no escuro
Entrando na fila imensa
Que espera pelo futuro

São joões, josés, manés, binés...
Sem vintém, sem pão, sem chão...

João batalha um trabalho
Antonio recebe um não
Maria confere os filhos
E faz milagre de um pão

Milhões de uns vão vivendo
Debaixo de muitas pontes
Por cima um céu de concreto
Encerra os seus horizontes

São joões, josés, manés, binés
Sem vintém, sem pão, sem chão...


Passamento
Compositor: Joãozinho Ribeiro
Intérprete: Milla Camões

Mané da Roça era um lavrador
Gente do mato, do campo uma flor
Rosa da vida, semente de luz
Fruto da lida que a terra produz
Era Mané, era Pedro era João
Mandioca, milho, farinha e feijão
Terra lavrada com as mãos de amor
É terra santa, é terra sem senhor
Quem não ajunta um dia espalha
Da fartura faz migalha
Desenterra uma mortalha
Desencanta e atrapalha
Chega grileiro com arame e capim
Cerca medonha que não tem mais fim
Milho, farinha não mais se produz
Só agonia de choro e de cruz
Mané da Roça não é mais Mané
Doze barrigas e uma mulher
Lavoura em luto, colheita da dor
Morre no campo mais um lavrador
Seu doutor, me responda por favor:
Se essa toalha molhada,
De tanto lavada,
Consegue enxugar tanta dor
Se quando a seca não mata
A chuva arrasa
O que a gente plantou
Se o desengano da vista
De olhar tanta mágoa
Os olhos da vida vazou
Canto rebuscado
No canto do coração
Conta pra este povo
Que ainda é seu este chão
Conta pra Firmino, Nonato e Zizi
Que esta terra é nossa
É só repartir

 

Com informações do CEMOC.

 

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