“Mal-estar na Cultura”: a questão da miséria humana

sexta-feira, 15 de Agosto de 2014 - 17:08
Redator (a)
Wanda Cunha

Francisco Frazão, mestre em Teoria e Clínica, foi o palestrante desta sexta-feira (15) do Núcleo de Pesquisa “Direito e Psicanálise” (NPDP) do Tribunal Regional do Trabalho do Maranhão (TRT-MA). Ele falou sobre  “O Mal-Estar na Cultura”, ensaio de Sigmund Freud, publicado em 1930, por meio do qual o autor aborda o desenvolvimento cultural da humanidade, apontando a origem do mal-estar no homem, as dificuldades para ser e permanecer feliz e a relação da cultura em todo esse processo.

De início  Francisco Frazão disse que Jacques Lacan, em seu seminário de 1959-1960, dedicado à Ética da Psicanálise, falou dele como um livro essencial no qual Freud fizera a síntese de sua experiência e discorrera sobre a tragédia da condição humana.

Também disse que, no entendimento de Peter Gay, “O Mal-Estar na Cultura” é o texto “mais sombrio” de Freud. “Aquele em que se aborda sem disfarce e no tom mais grave a questão da miséria humana”, enfatiza.

Investigando os motivos que levam o ser humano a gozar tão pouco da felicidade, Freud revela que um dos principais e invencíveis obstáculos à felicidade é a constituição psíquica do homem. E a causa do seu sofrimento é movida por três relações: a) a sua relação com o outro; 2) a sua relação com o corpo e 3) a sua relação com a natureza.

No ensaio, Freud retoma “O Futuro de Uma Ilusão”, as teses desenvolvidas na respectiva obra, iniciando uma reflexão sobre a origem da necessidade do sentimento religioso no homem, recuperando ideias de seus textos anteriores, demonstrando a fragilidade humana, sua finitude. Na visão freudiana, a religião torna  tolerável o desamparo humano, serve de ilusão, de véu que esconde a castração, já que a existência de um pai, Deus, que tudo pode, vai permitir aos seres humanos dar um sentido à morte, à vida, ao sexo. Mas  Freud não acredita na religião: “os seres humanos não podem permanecer crianças para sempre”.

O palestrante falou também sobre o mal-estar causado pelo capitalismo e a massificação.  “Nós somos massificados para não pensar”, observou.

Ao final, o debate foi aberto para os demais integrantes do Núcleo. Alguns se manifestaram e deixaram sua contribuição.

Núcleo de Pesquisa “Direito e Psicanálise” – O NPDP é coordenado pela servidora Anícia de Jesus Ewerton, que tem experiência nos estudos da Psicanálise e integra a Delegação Geral Maranhão da Escola Brasileira de Psicanálise. O Núcleo realiza reuniões quinzenais com o intuito de pensar e discutir temas voltados ao fortalecimento do papel da Escola Judicial de proporcionar a magistrados e servidores uma formação profissional de conteúdo técnico-jurídico, ético e humanista, orientada para a defesa do Estado Social de Direito. Clique aqui para saber mais!

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