Psiquiatra e escritora Ana Beatriz diz que é preciso cuidar bem do cérebro para evitar adoecer

quarta-feira, 16 de Maio de 2018 - 14:22
Redator (a)
Suely Cavalcante
Desembargadora Márcia Andrea abriu a 9ª SFM e 7ª SS e salientou que EJUD16 tem debatido o tema sobre saúde mental
Psiquiatra e escritora Ana Beatriz que diz que espiritualidade dá sentido à vida

A médica psiquiatra e escritora de best-sellers, Ana Beatriz Barbosa Silva, disse, na manhã desta terça-feira (14/5), durante a palestra “Ansiedade, Depressão e Estresse no Ambiente Corporativo”, no Auditório Juiz Ari Rocha do Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região, que uma das formas de evitar o adoecimento é cuidar do cérebro com muito carinho, vivenciando os dias com alegria, paciência, leveza, mantendo relações harmoniosas com familiares, nos locais de trabalho, no cotidiano, mantendo o cérebro bem estruturado, com valores éticos e propósito de vida, e evitando informações consideradas tóxicas para o cérebro, tais como notícias ruins, fofocas, violência, e tudo que intoxica. “O cérebro quando é bem tratado, faz tudo pra gente. Mas, se eu não cuidar bem do meu cérebro vai começar a adoecer”, alertou. 
A palestra fez parte da programação de abertura da 9ª Semana de Formação de Magistrados (9ª SFM) e da 7ª Semana de Servidores (7ª SS), realizadas pela Escola Judicial do TRT-MA (EJUD16). A abertura solene dos eventos foi feita pela desembargadora Márcia Andrea Farias da Silva, diretora da EJUD16. A desembargadora falou sobre a abertura simultânea das suas semanas como uma forma de integrar magistrados e servidores, e manifestou a preocupação da EJUD16 com os debates relacionados à saúde mental, sendo este o terceiro encontro do ano com a mesma temática. Citando dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2017, a desembargadora disse que são 18,6 milhões de brasileiros diagnosticados com ansiedade e 11,5 milhões com depressão, a maior prevalência na América Latina e a segunda nas Américas. A diretora da EJUD16 também falou sobre treinamentos já realizados pela EJUD16 e programação de futuros eventos.
Ao falar sobre ansiedade, Ana Beatriz disse que todas as pessoas são ansiosas. “Todos temos que sentir ansiedade e medo porque o mecanismo da ansiedade e do medo está no DNA da espécie humana e está ligado à nossa sobrevivência”, explicou. “Medo é sensação de algo real e ansiedade é a sensação subjetiva de algo que eu temo, apesar de não ser uma ameaça ainda real, e estresse é a reação bioquímica que ocorre no organismo quando me sinto ameaçada ou com medo de alguma coisa”.
Ela explicou também que quando a pessoa sente-se ameaçada, seja a ameaça real ou não, o cérebro libera substâncias que vão para a suprarrenal, glândula acima dos rins, e faz com que sejam liberados adrenalina e cortisol. Essa liberação faz, de imediato, a pessoa sentir taquicardia, sudorese, tremores, tontura, contratura muscular, entre outros sintomas. Contudo, quando isso se repete muitas vezes e de forma intensa, deixa de ser ansiedade para se tornar transtornos de ansiedade, “que é quando essa reação deixa de ser pontual e está presente o tempo todo”, ressaltou.
Para Ana Beatriz, uma ansiedade muito comum é a ansiedade do ser. Isto significa, segundo a palestrante, que de alguma maneira, os propósitos ou projetos de vida das pessoas estão muito fora do que é saudável para elas. Um aspecto que mostra claramente essa situação é a falta de paciência, tolerância entre as pessoas. A falta de contato físico, conexão. 
Com relação aos transtornos de ansiedade, um dos mais comuns é o da ansiedade generalizada, que é o acúmulo de ansiedade que está prestes a estourar. A pessoa tem insônia e está sempre irritada. “O transtorno do pânico talvez seja um dos mais comuns que existem do acúmulo de ansiedade. O pânico é o máximo de ansiedade que uma pessoa pode sentir num curto espaço de tempo. Entre 20 e 40 minutos, aquela pessoa tem certeza que vai morrer”, afirmou. Trata-se de uma grande descarga de noradrenalina e adrenalina e cortisol. “É o transtorno de ansiedade para o qual as pessoas mais buscam ajuda”, revelou. 
A psiquiatra também falou, entre outros transtornos, do Transtorno por Estresse Pós-Traumático (TEPT) que sempre vai estar ligado a algo que aconteceu de forma muito traumática, e que começa a se manifestar cerca de 30 dias depois da vivência; do Transtorno Obsessivo Compulsivo ou TOC, que é uma grande ansiedade muito comum nas pessoas perfeccionistas, que gostam de fazer tudo perfeito. O TOC é a maior ansiedade que a pessoa sente o tempo inteiro, e uma das causas mais comuns de levar a pessoa à depressão.  Ana Beatriz falou, ainda, que o excesso de ansiedade leva às mais diversas compulsões possíveis, como a compulsão alimentar, compulsão por internet, redes sociais, drogas, compras, entre outras.
Depressão - ao falar sobre a doença, Ana Beatriz esclareceu que depressão não é tristeza. A doença está presente quando a pessoa só começa a pensar em coisas negativas. “O deprimido deixa de ter prazer no que tinha”. Para a palestrante, não há depressão sem uma ansiedade acumulada. Outras características do deprimido são o cansaço, pois só quer deitar e não fazer nada, e as ideias suicidas, porque pensam em deixar de existir e parar de sofrer. “A questão do suicídio é alarmante porque a cada 40 segundos uma pessoa se mata ao redor do mundo”. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2017, 350 milhões de pessoas sofrem de depressão ao redor do mundo. 
Ana Beatriz chamou a atenção para a questão depressão na terceira idade, que atinge 13,5% da população acima de 65 anos; a depressão feminina, que é a mais comum por causa das variações hormonais, na menopausa, na gravidez, pós-parto; e a depressão associada com manifestações de outras doenças como as autoimunes (lúpus, artrite reumatoide), AIDS, doenças cardiológicas, e outras. 
Conforme a palestrante, a ausência de qualidade de vida e de propósito, e falta de afeto estão fazendo as pessoas adoecerem mais. “A gente está se desconectando das coisas que são mais importantes para nós”. Ana Beatriz disse que a vida carece de sentido, e cada um deve dar sentido à sua vida. Porém, não é meramente material, pois a nossa função não é só trabalhar e ganhar dinheiro. “Nos países onde a renda per capta foi aumentando, aumentou também o número de suicídio, o índice do uso de drogas, isso significa que só o material não é a solução. Estou falando da questão da espiritualidade”. 
“Se a gente não buscar o que realmente nos faz feliz, a gente não vai conseguir os reduzir os índices de transtorno de ansiedade, muito menos os de depressão”, declarou. Ana Beatriz incentivou as pessoas a trabalharem com prazer, com alegria, viver com fé, exercitar a espiritualidade, e inserir no seu dia a dia a prática de meditação, yoga, ter boa alimentação, atividade física, dormir bem, e hidratação adequada, em busca do equilíbrio interior. 
9ª SFM e 7ª SS - as semanas serão realizados até 18 de maio. A programação da 9ª Semana de Formação de Magistrados está sendo realizada no Auditório da EJUD16, localizado no 1º andar do prédio-sede do TRT. A 7ª Semana de Servidores, no Auditório do Fórum Astolfo Serra, sede das Varas do Trabalho de São Luís, de 8h às 12h. 

Fotos: Romeu Ribeiro

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