Setembro Amarelo: Palestra no TRT-16 discute o papel da família na prevenção ao suicídio
Quando se trata da saúde mental, “a família pode ser um fator de proteção ou um fator de risco”, essa foi uma das afirmações da terapeuta ocupacional Kamyla Arrais durante a palestra “A família no contexto da dependência química: reflexões para prevenção ao suicídio” realizada na manhã da última quinta-feira (21/09) no auditório da Escola Judicial no prédio-sede do Tribunal Regional do Trabalho da 16a Região (Maranhão). O evento, em alusão à campanha “Setembro Amarelo”, mês de prevenção ao suicídio, foi promovido pelo Setor de Saúde do TRT-16, em parceria com o plano de saúde Geap.
A palestra, que contou com a participação de membros do corpo funcional do TRT-16, buscou desenvolver uma reflexão e conscientização acerca do papel da família no auxílio e acompanhamento de cuidados com a saúde mental, especialmente no contexto da dependência química. Para Kamyla Arrais, “Falar de saúde mental é falar da vida. A gente precisa de saúde mental para absolutamente tudo: para conduzir o nosso dia a dia, para elaborar os nossos projetos, realizar os nossos sonhos, ter vitalidade”.
Kamyla iniciou a palestra explicando o conceito de família funcional – modelo em que os membros se relacionam de forma satisfatória, mantendo respeito da singularidade e da liberdade de expor sentimentos e pensamentos – e pontuou que famílias com essa funcionalidade tem um alto poder de prevenção, ajudando a evitar o adoecimento mental e, consequentemente, o suicídio.
Durante a palestra, a terapeuta concentrou-se em trazer reflexões sobre a parcela de responsabilidade de cada um na promoção de uma cultura de paz nas famílias e de um ambiente familiar seguro, caracterizado por regras claras, conexões fortes, normas e valores sólidos, e a prática da verdade.
No contexto da dependência química, a prevenção ao suicídio traz grandes desafios para as famílias, como elevados conflitos familiares e comportamento disfuncional da família, que acaba acompanhando as mesmas atitudes das pessoas com dependência química e afeta o estilo de vida de todos os envolvidos.
Apesar dos desafios, Kamyla explica que é possível prevenir o suicídio e melhorar a saúde mental e aponta algumas visões familiares de prevenção como: visão positiva de futuro, espiritualidade, engajamento dos membros da família, novos padrões relacionais, verdade como um princípio na comunicação familiar, estabelecimento de limites e resgate dos rituais familiares estabilizadores.
Suicídio e o ambiente de trabalho
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, 10,2% das pessoas com 18 anos ou mais receberam o diagnóstico de depressão. Dados do sistema de informação de óbitos apontam aumento exponencial nos casos de suicídio. Os óbitos de trabalhadores e trabalhadoras são desencadeados por adoecimento no trabalho. Em 2019, foram notificados 13 mil suicídios no país, sendo 10 mil correspondentes às pessoas em atividade de trabalho.
Segundo a terapeuta Kamyla Arrais, os dados alertam para a urgência de tratar sobre o tema. “O ambiente organizacional é um ambiente muito propício para isso porque a gente sabe que os trabalhadores adoecem, os trabalhadores sofrem e esse adoecimento muitas vezes leva ao pior do estágio que é a tentativa de suicídio e ao suicídio propriamente dito. A oportunidade de conhecer mais sobre o tema e as formas de prevenir esse sofrimento psíquico, esse adoecimento mental, reconduz uma vida e evita o pior que é o suicídio”, destaca ela.