A Oficina "Gestão dos Transtornos Mentais no Ambiente do Trabalho” foi ministrada pelo psicólogo Bruno Leal Farah, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (Rio de Janeiro e Espírito), na sexta-feira (7/12), das 9h às 15h, no Auditório Fórum Astolfo Serra, sede das Varas do Trabalho de São Luís. A oficina foi uma atividade do Comitê Gestor Regional do Programa Trabalho Seguro do Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região (TRT-MA), que têm como gestoras a desembargadora Márcia Andrea Farias da Silva e a juíza Liliana Bouéres, titular da Vara do Trabalho de Chapadinha. O evento reuniu magistrados, servidores do TRT e da Justiça Federal em São Luís, bem como representantes do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional do Maranhão (CREFITO16). A oficina foi aberta pela juíza Liliana Bouéres.
Ao desenvolver o tema, Bruno Farah, que também é psicanalista, com doutorado em teoria psicanalítica pela Universidade de Sorbonne (França), fez uma ligação entre transtorno mental e assédio organizacional, cujo conceito o define como o conjunto de dispositivos institucionais e administrativos, impessoais e descentralizados, que, articulados, causam ansiedade e extrema paralisia aos trabalhadores.
Segundo Bruno, hoje em dia, não se pode mais pensar em transtorno mental sem pensar em violência no trabalho. O psicólogo ressaltou que, em 2006, tanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) quanto a Organização Internacional do Trabalho (OIT) afirmaram que, no ano de 2020, a depressão seria a causa de maior absenteísmo no mundo do trabalho “e já chegamos a essa meta de 20% de pessoas no mundo com depressão, sendo que grande parte se afasta do trabalho e o resto fica trabalhando com dificuldade”, observou. Bruno disse que a cidade de São Paulo é a campeã mundial nessa meta dos 20%, que já subiu para 25% de pessoas atingidas com depressão e ansiedade. Por outro lado, conforme Bruno, a OIT afirmou também, em 2006, que a violência no trabalho já era uma epidemia mundial naquela época. 
Para Bruno, o assédio organizacional é o tipo de violência que provoca depressão no trabalho. Ele acredita que tanto o assédio moral como a depressão podem ser efeitos do assédio da própria organização do trabalho. Bruno explica que os três pilares da organização do trabalho que são a política de metas, avaliação de desempenho e política de motivação, esta última unicamente baseada em diferença salarial, se forem mal gerenciadas pode levar a um sistema de competição e de não cooperação. “E o assédio organizacional começa nessa dicotomia individualizante, por um lado, de competição, esvaziando o lado coletivo e saudável das relações interpessoais que é a cooperação do trabalho em equipe”, afirmou.
Uma das propostas da oficina é o exercício para recuperação de servidor afastado por depressão, mostrando como a instituição pode trazer de volta o espaço coletivo e o papel do gestor como um agente de prevenção da depressão. “Como ele pode transformar a sua unidade numa gestão mais participativa e coletivizante porque tudo que é coletivo e traz a participação e envolvimento das pessoas é um antídoto para o isolamento, para a individualização e para a competição no trabalho”, explicou.
Bruno disse que tem tido bons resultados com projetos de gerenciamento do estresse organizacional, tendo assessorado a implantação de projetos nos TRT 20ª Região (Sergipe) e TRT 8ª Região (Pará e Amapá), onde obteve boas respostas. Ele ressaltou que no TRF 2ª Região a experiência também tem sido exitosa, particularmente a partir do trabalho com os Comitês de Saúde, que é uma exigência da política de saúde do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). 
Programa Trabalho Seguro - a oficina fez parte da programação do I Seminário sobre Violência no Ambiente de Trabalho e seus Efeitos na Vida do Trabalhador realizado no dia 6 de dezembro, no Auditório Juiz Ari Rocha, no prédio-sede do TRT. Os eventos encerraram as atividades de 2018 referentes ao Programa Trabalho Seguro TRT-MA. 
Iniciativa do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), o Programa Trabalho Seguro (Programa Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho) tem suas ações voltadas para a prevenção de acidentes de trabalho e ao fortalecimento da Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho. Para o biênio 2018-2020, o tema escolhido foi “Violência no Ambiente de Trabalho: enfrentamento e superação” para ser trabalhado pelos Comitês Regionais do Trabalho Seguro dos 24 TRTS. O Programa Trabalho Seguro é desenvolvido em parceria com diversas instituições públicas e privadas.